22/02/2012

Para onde vão os amigos


O fim de semana passado não foi um bom fim de semana.
O fim de semana passado foi um ponto.
O fim de semana passado foi uma marca.
O fim de semana passado foi o inicio de uma ausência.
No fim de semana passado eu perdi uma amiga.

                            

Há quase cinco anos, como alguns já sabem iniciei meu café e lanchonete na Vila Mariana, mais precisamente na Ana Rosa.  Localização nova, vizinhos novos e tudo mais novo.  Um dia, dois ou três depois uma senhorinha muito simpática, seus seu 80 anos bem vividos, cabelo arrumadinho, vestimenta impecável, batom e colar com seu cachorrinho poodle toy, aquele bem pequenino, na porta do café sem mais nem porque se apresenta a mim:  -“Sou Emery, moro neste prédio do lado, essa aqui em minha filhinha, a Gabi. Seja bem vindo”.
É uma coisa muito agradável você ser bem recebido em um local onde até o momento você é um completo estranho e deslocado.

                        

Emery então deu mais um passinho sentou-se quase na porta do café onde cadeiras de plástico pareciam já esperar por ela. Numa prosa gostosa com João, um comerciante de doces e bolachas que tem uma banca na calçada e Neusa proprietária da papelaria ao lado dividida entre um cliente e outro que parecia não ter fim.

                       

E os passantes, boa tarde pra lá, boa tarde pra cá, era uma infinidade de conhecidos e não conhecidos também, era uma cortesia que dava gosto de ver. Isto eu também vivi diária e vespertinamente por quase cinco anos. Falava da Gabi, contava dos filhos, falava do bairro, contava dos vizinhos e revivia o passado com entusiasmo. Quanto conhecimento.

                                

Emery ficou muito triste quando Gabi morreu de velhinha. Chorou bastante. Como amava Gabi. Afora este fato e outro de sua Nora com problemas graves de saúde, era pura alegria, e ouso até dizer, “Era a satisfação de viver em pessoa”. Não reclamava nunca. Só discursava coisas divertidas, vívidas e vividas.
Ganhou nova cachorrinha há pouco tempo, a Mel, uma Yorkshire, não conheço muito raça de cachorro, mas a mel era uma gracinha. 

                           

Novinha ainda, cheia de energia, puxava a correia que Emery segurava com vigor ciente que não a acompanharia. Sua nova filhinha, como denominava Mel, disparava a latir toda vez que a porta do prédio abria para seu passeio vespertino. Lá do caixa, do balcão ou do fim do salão alguém já dizia: Lá vem a Mel com dona Emery. Como que se precisasse anunciar, todos já sabiam mesmo.  Dava seu passeio, sentava na cadeira e contava e se informava das novidades. Muitas vezes até nem tinha novidade, mas era sempre uma história que vinha a tona. Que prazeroso. Era um vinho das melhores castas, das melhores safras.

                      

A partir de segunda-feira não tem mais Mel.
Apartir de segunda-feira não tem mais novidades,, não tem mais histórias.
A partir de segunda-feira não tem mais Emery.
Alguns acreditam que está com Deus, alguns com Buda, outros com Jeová.
Eu, que sou homem de pouca fé, acredito que Emery estará sempre em meus pensamentos.
Obrigado Emery. Falarei de você.

Aos familiares e amigos, meu respeito e profundos sentimentos.







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