02/10/2016

Janela do Tempo.

Eu já comentei, algumas vezes, que moro de frente para um colégio estadual.
O Nelson Fernandes.
É inevitável que, ao menos cada dois anos, eu passe algumas horas observando meus vizinhos a caminho de seu ato patriótico.
Neste dia eu vejo o “Tempo”.
Já chamei minha janela de “janela do tempo”, justamente por este motivo.
Moro neste bairro há 35 anos, e atrás desta janela há 30.
Discretamente percebo as marcações desse “Tempo”.
Pessoas que eram jovens, e agora de cabeça branca.
Crianças, que agora têm crianças.
E outros que já eram velhos, são apenas mencionados pela ausência.
Na melhor das hipóteses, isto passa apenas por um registro, um reencontro.
Na pior, mais um fofoqueiro que cuida da vida dos outros.
Pouco sei do que fazem hoje.
Onde moram.
O quê fazer ou por onde andam.
Não. Não é este o objetivo.
A correria nem permite.
É somente um saudosismo gostoso.
O Tempo passa para todos.
Até para mim.
E minha janela é testemunha deste registro. 


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