Banho
tomado, já almoçado e de uniforme.
Pendurado no ombro em uma correia de
plástico que cruzava o peito, prendendo uma lancheira também de plástico onde
dentro continha um sanduiche de mortadela e uma garrafinha com suco de morango,
não era qualquer suco, era Q-Suco.
O
uniforme novinho era formado de camisa branca e um shorts de tergal azul, tudo
muito bem passado, meias brancas e sapato preto. O sapato, na época, tinha
nome, aliás, nome e sobrenome, era um Vulcabrás 752. Era um sapato de material
plástico e borracha vulcanizada (vulcanização é um processo de solda por
temperatura, esquenta e cola).
A
perua Kombi buzinou lá fora e saí correndo para que não houvesse atrasos por
minha causa e não haveria, pois outros colegas ainda estavam por chegar.
Logo
estavam todos embarcados e prontos. A Kombi seguiu viagem. O colega a qual eu
era apegado, o Stanley era o mais empolgado e falante, vim descobrir logo
depois que não passava de stress a excitação do garoto.
A
viagem não durou mais que 15 ou 20 minutos e logo desembarcamos passando
imediatamente pelo portão da escola. Tudo novidade, eu tinha seis anos e
pouquinho, pois sou de Setembro e para não perder um ano meus pais
providenciaram a antecipação, na época, a restrição de idade não era levado
muito a sério, e esse negócio de prézinho não era popular. Comecei então o primeiro ano do “grupo escolar”, equivalente
hoje, ao segundo ano do fundamental.
Os
muros autos, corredores enormes, um pátio imenso e muitas e muitas crianças,
confesso, me excitaram, mas o Stanley não suportou. Desabou a chorar e gritar
que não teve jeito, voltou com a Kombi. Com todo aquele volume, toda aquela
novidade, todo aquele tumultuo, que o Stanley causou, não percebi muito bem o
que acontecia e não dei qualquer importância.
O sinal
tocou, entramos para as salas e iniciaram-se as apresentações e conversas da
professora para explicar como tudo funcionava.
A primeira aula seguiu
tranquilamente neste ritmo de explicações até que um novo sinal tocou e saímos
para o “recreio”. Foi aí que me dei conta de que estava só.
O
Stanley não estava comigo.
Com
aquele mundo de crianças em minha volta e eu estava só.
Não
chorei, ou melhor, não mostrei que estava chorando, mas foi muito difícil para
mim, quase não conseguia engolir o pedaço de sanduiche de mortadela que já
estava há um tempão mastigando.
Guardei
o restante pois sabia que não conseguiria comer mais.
Tomei
todo o Q-Suco.
E
o recreio que não terminava nunca. Nossa, será que levaria anos para terminar
esse recreio chato sem meu amigo Stanley.
Sinal
bateu, até que enfim, entramos para a sala.
Vimos
alguns cartazes com uma abelha porque estávamos começando a alfabetização, “a”
de “abelha”.
Terminada
a aula, último sinal soado e vamos para a Kombi.
Nunca
mais tive essa sensação de solidão na escola, mas este dia, com certeza marcou.
“Não use drogas, a vida é uma viagem”
Os textos aqui constantes
forada dm em parte ou todo coletados na internet. http://www.google.com/ http://www.wikipedia.com/
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