13/06/2012

Saga Derinarde XIV – Primeiro dia de Aula



Banho tomado, já almoçado e de uniforme.

       

Pendurado no ombro em uma correia de plástico que cruzava o peito, prendendo uma lancheira também de plástico onde dentro continha um sanduiche de mortadela e uma garrafinha com suco de morango, não era qualquer suco, era Q-Suco.

        

O uniforme novinho era formado de camisa branca e um shorts de tergal azul, tudo muito bem passado, meias brancas e sapato preto. O sapato, na época, tinha nome, aliás, nome e sobrenome, era um Vulcabrás 752. Era um sapato de material plástico e borracha vulcanizada (vulcanização é um processo de solda por temperatura, esquenta e cola).

                                      

A perua Kombi buzinou lá fora e saí correndo para que não houvesse atrasos por minha causa e não haveria, pois outros colegas ainda estavam por chegar.

                                  

Logo estavam todos embarcados e prontos. A Kombi seguiu viagem. O colega a qual eu era apegado, o Stanley era o mais empolgado e falante, vim descobrir logo depois que não passava de stress a excitação do garoto.

                                          


A viagem não durou mais que 15 ou 20 minutos e logo desembarcamos passando imediatamente pelo portão da escola. Tudo novidade, eu tinha seis anos e pouquinho, pois sou de Setembro e para não perder um ano meus pais providenciaram a antecipação, na época, a restrição de idade não era levado muito a sério, e esse negócio de prézinho não era popular. Comecei então o primeiro ano do “grupo escolar”, equivalente hoje, ao segundo ano do fundamental.

                          

Os muros autos, corredores enormes, um pátio imenso e muitas e muitas crianças, confesso, me excitaram, mas o Stanley não suportou. Desabou a chorar e gritar que não teve jeito, voltou com a Kombi. Com todo aquele volume, toda aquela novidade, todo aquele tumultuo, que o Stanley causou, não percebi muito bem o que acontecia e não dei qualquer importância.

         

O sinal tocou, entramos para as salas e iniciaram-se as apresentações e conversas da professora para explicar como tudo funcionava. 

                              

A primeira aula seguiu tranquilamente neste ritmo de explicações até que um novo sinal tocou e saímos para o “recreio”. Foi aí que me dei conta de que estava só.

                            
O Stanley não estava comigo.

                             

Com aquele mundo de crianças em minha volta e eu estava só.

                     

Não chorei, ou melhor, não mostrei que estava chorando, mas foi muito difícil para mim, quase não conseguia engolir o pedaço de sanduiche de mortadela que já estava há um tempão mastigando.

                 

Guardei o restante pois sabia que não conseguiria comer mais.
Tomei todo o Q-Suco.
E o recreio que não terminava nunca. Nossa, será que levaria anos para terminar esse recreio chato sem meu amigo Stanley.

                     

Sinal bateu, até que enfim, entramos para a sala.
Vimos alguns cartazes com uma abelha porque estávamos começando a alfabetização, “a” de “abelha”.

                   

Terminada a aula, último sinal soado e vamos para a Kombi.
Nunca mais tive essa sensação de solidão na escola, mas este dia, com certeza marcou.

               





“Não use drogas, a vida é uma viagem”

Os textos aqui constantes forada dm em parte ou todo coletados na internet.  http://www.google.com/ http://www.wikipedia.com/

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